quarta-feira, 9 de junho de 2010

Fragmentos Satânicos

Mesmo eu preciso
De deixar de ser para
Escrever, amar as árvores
Para ser o ponto, o riso
O meu ponto obscuro, aqui, ao alcance
De um qualquer que venha dos macacos
Não dos outros, os desconhecidos
Aqui e lá, é sempre como
Se fôssemos, se pensássemos
Aqui e lá em Las Vegas
A roleta
Não te cases
Casa-te
Vomita
Vomita neles
Como um nome
Como uma ideia, feita pela droga
Abandona-te
A estes versos escritos pelo demónio
Limita-te no demónio
E aos tambores, que ribombam, ribombam
Violoncemos
Orquestras

Páginas profanadas
Daqui a quinze anos
A mesma merda
Mastiga
E engole
Vomita, regurgita
O muro, todos os muros
A visão
Nada, doutor, mas nada mais que os meus primos enfentaidos com a comédia dos oráculos, com os acordes da tristeza, com a mesma coisa que não, digamos
Nada!
A merda do nada enviesado
Por um espelho de nada, pois
Um amigo que faz com a certeza de, pois
Uma marcha, um canto, uma ilusão alimentatória, um
Id, eg, ord
A revolução pregada na História
Numa lágrima

Rir, numa lágrima
A lágrima, vida feita a coisa
O remédio
Subtil
Aqui, não falhaste
A nação espera por ti
Tens o destino para ser
Eu espero por ti
No café
Para bebermos um café
Tranquilamente
Passa uma hora
E eu espero
Mais um dia
E eu espero
Pela raiva
Pelo ódio
Pela natureza
Pelo crime
Eu amo-te!

Disse-me ele que era
O monstro entre nós
O tranquilo, o final
E que estava farto
De trópicos capricórnios
Que estava aqui para ser
Não para ver que o nada
É o pretexto das bibliotecas
E das defecações

Jorge, o meu belo Jorge
De caligrafia apurada
Os pobres escutam os menos pobres
Acerca dos seus problemas
E bebemos um copo
Na esplanada da encruzilhada
É tarde demais...

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