quinta-feira, 17 de junho de 2010

Porque é que assassinámos o Zeca Afonso?

O hábito vence-nos, eis porquê
Daqui decorre: que somos frustrados, fodidos, uns parvos de espírito
Uns deuses-reis, amantes deste acorde, desta belíssima voz

Estou a cinquenta quilómetros de casa           não tenho casa
Vejo-me a desfalecer sobre a casa       sou a minha casa
Sou a força irredutível que constrói as fundações       a minha casa
Sou o trapézio formidável, sou os aplausos impublicáveis        sou a voz
Desejo o desejo, e movimento o movimento para que se torne eu         sou a luz
Sou o fogo, sou as velas            sou o cálice
Eu sou eu, Rolando, e tu também eras eu
Há um grito dentro de mim
Há um gesto inexplicável dentro de mim
Há mil coisas inexplicáveis dentro de mim
Eu estou a ser o outro, Rolando
Eu estou a ir contigo para o céu

Só escrevo porque não tenho mais nada para fazer
Dêem-me uma televisão, um PC, uma playstation
Dêem-me uma conversa, um amor, uma foda
Dêem-me um sitio sem papel e caneta, que eu não hei-de escrever

Quando se é doido, há certas vantagens que se devem aproveitar
O pior da novela é quando somos doidos no momento errado
Aí não há elegância. Só erros.

1 comentário:

Anónimo disse...

Bravo!Gostei...